"O ser humano não é somente um ser da natureza regido unicamente pelo instinto: tendo fome, lança-se sobre uma porção de comida. Ele é, principalmente, um ser de cultura, que o leva a moderar o instinto e a ritualizar o ato de comer, geralmente à mesa, junto com outras pessoas. A passagem do animal ao humano se deu exatamente quando nossos antepassados antropóides começaram a comer juntos com o seu grupo de convivência. Daí nasceu a comensalidade. Ela significa comer e beber juntos, expressão singular de nossa verdadeira humanidade".
Leonardo Boff Virtudes para um Outro Mundo Possível, volume III

"O ano em que meus pais saíram de férias..."

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Seguindo uma certa "sequência" de filmes que têm crianças como protagonistas, O ano em que meus pais saíram de férias é o filme indicado desta semana no saboresétimaar.te!

Dirigido por Cao Hamburguer (o mesmo diretor da série e do filme homônimo Castelo Rá-Tim-Bum), O ano em que meus pais saíram de férias, que tem em seu elenco Paulo Autran e Caio Blat, aborda um período negro da História brasileira - a ditadura militar - sob o olhar de Mauro, um menino com 12 anos de idade, cujos pais - militantes de esquerda - vêem-se obrigados a se submeter à clandestinidade, dizendo ao filho que precisavam "tirar férias". Com um roteiro que demorou 4 anos para ser concluído, O ano em que meus pais saíram de férias recebeu o prêmio de melhor filme - através de Júris Populares - nos Festivais do Rio (2006) e de Lima, no Peru (2007); além disso, esteve entre os nove pré-escolhidos para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2008, mas não ficou entre os cinco finalistas escolhidos para a disputa pelo prêmio. Acolhido inicialmente pelo avô, interpretado por Paulo Autran, Mauro, em curtíssimo espaço de tempo, se vê obrigado a morar com um vizinho de seu avô, um senhor judeu solitário, chamado Shlomo. Angustiado pela ausência dos pais, o garoto alterna momentos de grande tristeza, ilustrada pela enorme expectativa de receber uma ligação de seus pais, e de intensa alegria, pois, como típico garoto apaixonado por futebol, Mauro acompanha, em meio às novas amizades, a trajetória da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970. Nessa primorosa produção, em que o cenário e o figurino merecem especial destaque, temos um ameno, porém relevante, reforço na nossa memória de um importantíssimo período histórico brasileiro, cuja profunda tristeza foi habilmente maquiada por momentos de superficial alegria. Um convite lúdico à lembrança, à reflexão e, principalmente, à transparência de nossa trajetória histórica.
Acesse o trailer abaixo!

"Quanto você vale?"

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Iniciamos essa postagem com um título provocativo... um questionamento que, apesar de importante, nem sempre nos fazemos... "Quanto valemos, para nós mesmos?"

Em uma tentativa de resposta, transcrevemos abaixo um texto de autoria desconhecida que ilustra esse questionamento e uma possibilidade de resposta...

Em seguida, comentaremos um pouco sobre o filme Vermelho como o Céu, procurando manter a frequência semanal do saboresétimaar.te!
Agradecemos, mais uma vez pela sua visita!

Quanto você vale?

O ANEL

Um aluno chegou ao seu professor com um problema:
- Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças
para fazer nada. Dizem que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que
sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?
O professor sem olhá-lo, disse:
- Sinto muito meu jovem, mas agora não posso ajudá-lo, devo primeiro resolver
meu próprio problema. Talvez depois. E fazendo uma pausa falou:
- Se você me ajudar, eu posso resolver meu problema com mais rapidez e depois
talvez possa ajudar você a resolver o seu.
- C...Claro, professor, gaguejou o jovem, mas se sentiu outra vez desvalorizado.
O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno, deu ao garoto e disse:
- Monte no cavalo e vá até o mercado. Deve vender esse anel porque tenho que
pagar uma dívida. É preciso que obtenha pelo anel o máximo possível, mas não
aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.
O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a oferecer o
anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem
dizia o quanto pretendia pelo anel.
Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saiam sem
ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar
que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel. Tentando
ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e mais uma de cobre,
mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro
e recusava as ofertas.
Depois de oferecer a jóia a todos que passavam pelo mercado e abatido pelo
fracasso, montou no cavalo e voltou.
O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o
anel, livrando, assim, a preocupação de seu professor e podendo receber, conseqüentemente, sua ajuda e conselhos.
Entrou na casa e disse:
- Professor, sinto muito, mas é impossível de conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.
- Importante o que me disse meu jovem, contestou sorridente. Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vender o anel e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.
O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro
examinou o anel com uma lupa, pesou o anel e disse:
- Diga ao seu professor que, se ele quer vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.
- 58 MOEDAS DE OURO! Exclamou o jovem.
- Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo eu poderia oferecer cerca de 70 moedas, mas se a venda é urgente...
O jovem correu emocionado à casa do professor para contar o que ocorreu.
- Senta, disse o professor e depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou,
disse:
- Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. Só pode ser avaliada por um especialista. Pensava que qualquer um podia descobrir o seu verdadeiro valor?
E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.
- Todos somos como esta jóia. Valiosos e únicos e andamos por todos os mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem.


Vermelho como o Céu

Baseado na história real de Mirco, um garoto italiano, que, nos anos 70, sofre um acidente e perde a visão. Após ter sido recusado pela escola normal, é matriculado em um instituto educacional especialmente dedicado a crianças com esse tipo de deficiência, onde passa a morar, em regime interno, distante de sua cidade natal. No instituto, passa a se dedicar intensamente à produção e à gravação de sons com um velho gravador, que, magicamente, intensificam as percepções dele e de seus colegas, como que colorindo as cenas das estórias por eles imaginadas. Nesse processo, merece destaque o essencial apoio dado pelo seu professor e por uma garota, externa ao instituto, com quem Mirco desenvolve especial amizade. Um filme belíssimo, para todas as idades! Difícil não se emocionar e se encantar com esta produção italiana! Recomendamos! Acesse o trailer clicando na imagem abaixo!

Últimos dias da Exposição Além da Ladeira das Cores... !

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Aproveitamos esta fase de encerramento da Exposição Além da Ladeira das Cores... para agradecer a presença de todos aqueles que a prestigiaram e, também, aos que adquiriram obras de Gilberto Pereira! Mesmo após este encerramento estaremos à disposição para facilitar o contato entre o artista e as pessoas interessadas pelo seu trabalho!

Dando continuidade à proposta do saboresétimaar.te, comentaremos um pouco sobre o filme O Pequeno Traidor!

Baseado em livro semi-autobiográfico de um escritor israelense (Amos Oz), O Pequeno Traidor retrata Jerusalém meses antes da criação do Estado de Israel em 1948, pela ONU, através do olhar de um menino judeu com 11 anos de idade, chamado Proffi. Até então o território era ocupado pelo exército britânico e as pessoas, em geral, não aceitavam tal ocupação; Proffi e seu grupo de amigos da escola também viam os britânicos como inimigos. Contudo, em meio às turbulências da cidade ocupada, Proffi conhece o sargento britânico Dunlop, com quem inicia uma aproximação. Inicialmente, Proffi pretende “espionar” o inimigo, usando este pretexto para suas visitas, cada vez mais constantes, ao sargento no quartel britânico. Com o passar do tempo, o garoto percebe que o “inimigo” não era tão inimigo assim, já que o sargento o tratava com carinho e demonstrava profundo interesse e respeito pela sua cultura. O Pequeno Traidor consegue abordar um tema extremamente relevante do ponto de vista histórico de forma leve, através da percepção infantil daquela criança, que é denunciado pelos amigos como traidor, quando percebem que há uma amizade entre Proffi e Dunlop, e julgado, apesar da pequena idade, pela sua comunidade. Um filme que nos faz refletir sobre como muitas vezes nossos julgamentos são precipitados, baseados em preconceitos, e como a intolerância e a ausência de diálogo são prejudiciais, a todos os lados envolvidos em quaisquer conflitos, sejam eles entre diferentes povos ou entre membros de uma mesma família.

Se você ainda não assistiu, recomendamos!

Acesse o trailer abaixo!

sabor e sétima ar.te

Author: saborear.te // Category:
É com grande alegria que registramos a 500ª visita ao nosso blog!

Entendemos que a nossa proposta de conciliar, da melhor forma possível, gastronomia – sabore arte – em suas várias nuances – tem sido bem acolhida e que várias pessoas comungam com o nosso pensamento de “não querermos só comida, mas, sim, comida, diversão e arte”!
Agradecemos, portanto, pela sua visita e nos esforçaremos para continuar postando sobre assuntos que inspirem bons sentimentos e boas atitudes, para conosco e para com aqueles que nos cercam!
Aproveitamos este momento - primeira postagem de 2010 - para iniciar a colocação de comentários sobre filmes que, de alguma maneira, se harmonizam com a nossa visão de mundo. Pretendemos comentar sobre um filme por semana, a princípio às sextas-feiras, véspera do dia preferido de visitas às locadoras!

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Reign Over Me – Reine Sobre Mim


Apesar do título soar estranho em um primeiro momento, Reine Sobre Mim pode ser considerado um dos filmes mais brilhantes da última década. Produzido em 2007, destaca-se por vários aspectos. Os principais personagens, Alan e Charlie, interpretados por Don Cheadle (excelente atuação em Hotel Ruanda) e Adam Sandler (famoso por suas atuações em diversas comédias), foram colegas durante a faculdade e, o que não é raro, reencontram-se vários anos após terem se formado e perdido o contato. Alan mantém uma vida “normal”, incomodada pelos habituais problemas relacionados ao ambiente de trabalho e à rotina no casamento... Charlie, por sua vez, possui aparência desgrenhada e um comportamento “estranho”... motivado pela tragédia que aconteceu à sua família (esposa, duas filhas e uma cadela poodle), que estava em um dos aviões destruídos no atentado de 11 de setembro. A partir dessa tragédia, Charlie reage da “forma dele” à perda de sentido em sua vida e, passado um determinado período, o seu modo de agir passa a ser motivo de preocupação das pessoas mais próximas, que não conseguem se habituar à sua conduta e tentam “ajudá-lo”, mas todas as tentativas de aproximação são fortemente repelidas... Como Charlie não via Alan desde a época da faculdade e este, por tal distanciamento, não conhecera sua família nem quaisquer aspectos a ela relacionados, Charlie aceita a sua aproximação... Nesse contexto, dentre os vários temas que inspiram a reflexão, alguns se destacam.
O poder terapêutico da “simples” e verdadeira amizade.
A grande dificuldade que possuímos de nos colocarmos – verdadeiramente – no lugar do outro ao invés de pré-julgarmos profundamente as pessoas através de atitudes superficiais.
O grande mal proporcionado às pessoas que mais amamos pela enorme dificuldade de nos comunicarmos.
O quanto nos esquecemos de que ao nos permitirmos agir como crianças e rirmos de nossas imperfeições fazemos muito bem à nossa alma.
Que cada um reage de forma particular frente a uma grande perda e que esta forma, se diferente da que supomos que agiríamos, não é pior nem melhor, apenas diferente.
A dificuldade de reconhecer o que para o outro é uma “grande perda” se para nós a “tal perda” seria apenas uma “bobagem”.
Que diante de uma pessoa que supomos precisar de ajuda e supomos estar aptos a "ajudar", muitas vezes nos surpreendemos e somos tão ou mais ajudados pela pessoa que se mostrava tão fragilizada.
Que a perda nos torna susceptíveis a um profundo encontro com nossas maiores dores, sobretudo com a culpa e o remorso, e que estas podem ser insuportáveis ao ponto de motivarem a vontade de interrupção desta existência...
Além das características já abordadas, o roteiro, a fotografia e a trilha sonora conseguem transmitir com grande fidelidade a atmosfera nova iorquina “pós 11 de setembro”. Contudo, o que torna Reine Sobre Mim tão apreciado talvez seja o fato de que se pode, guardadas as devidas proporções, estabelecer um paralelo entre as sensações vivenciadas pelo personagem Charlie e sensações que muitos de nós vivenciamos quando perdemos alguém muito querido, independentemente desta perda ter sido motivada por causas "menos complexas" que um ataque terrorista, tais como acidentes de trânsito motivados por embriaguez; é possível, desse modo, que muitos de nós nos identifiquemos por termos acompanhado reações de pessoas próximas, que, assim como Charlie, vivenciaram (ou vivenciam) o estado de estresse pós-traumático. Reine Sobre Mim, entretanto, é um filme que, apesar da forte densidade, não se limita exclusivamente à perspectiva do drama; ao se emocionar constantemente, o espectador tende a variar entre o choro e a gargalhada, entre a possível (des)ilusão com a (des)humanidade e a (re)afirmação da esperança através das “corriqueiras e nada extraordinárias” ações de nossos (verdadeiros) amigos...
Se ainda não assistiu, assista e deixe o seu comentário!

Acesse o trailer e a música-tema do filme – Love Reign Over Me, composta por The Who e interpretada por Pearl Jam para a sua trilha sonora, cuja letra (e tradução) encontra-se logo abaixo!



Only love Apenas o amor
Can make it rain Pode fazer chover
The way the beach is kissed by the sea Do modo que a praia é beijada pelo mar
Only love Apenas o amor
Can make it rain Pode fazer chover
Like the sweat of lovers Como a transpiração dos amantes
Laying in the fields. Repousando nos campos.
Love, Reign o'er me Amor, reine sobre mim
Love, Reign o'er me, rain on me Amor, reine sobre mim, chova sobre mim
Only love Apenas o amor
Can bring the rain Pode trazer a chuva
That makes you yearn to the sky Que faz você desejar o céu
Only love Apenas o amor
Can bring the rain Pode trazer a chuva
That falls like tears from on high Que cai como lágrimas lá do alto
Love Reign O'er me Amor, reine sobre mim
On the dry and dusty road Na árida e empoeirada estrada
The nights we spend apart alone As noites que passamos sós
I need to get back home to cool cool rain Eu preciso voltar para casa, para a fresca fresca chuva
I can't sleep and I lay and I think Não sou capaz de dormir então me deito e penso
The night is hot and black as ink A noite é quente e negra como tinta
Oh God, I need a drink of cool cool rain Ó Deus, eu preciso de uma dose da fresca fresca chuva
(Vale destacar, apesar da obviedade desta observação para a maioria das pessoas que acessa este blog, que o “amor” mencionado na música extrapola o usual significado “romântico”, vivenciado por um “casal”; trata-se de um significado mais “amplo”, mais “universal”, que pode até contemplar a perspectiva romântica, mas não se limita a ela...)
Adm